Total de visualizações de página

domingo, 19 de agosto de 2012

Fofura infantil ou Como eu queria poder elogiar alguém quando bem entendesse.

Arroio do Silva, 19 de agosto de 2012.                       14:44


Quando eu estou no ônibus, que demora mais ou menos 40 minutos para vir de Araranguá até o Arroio, eu as vezes presencio umas coisas bem diferentes. Já vi bêbado falando sem parar, já vi bebê dançando no colo da mãe, e o mais recente acontecimento foi o de ontem.
Lá estava eu, voltando para casa, depois do JOREC, quando duas crianças entram no ônibus que eu estava. A menina junto com a mãe e as irmãs e o menininho com essa menininha. Ele com um celular na mão, que eu não tenho ideia se era o celular dele ou dela (porque eu bem metida enxerguei as fotos, e tinha tanto fotos dele quanto da menininha. Não sou assim tão metida... mas ônibus pode ser entediante.) Enfim, esse casal mirim senta nos bancos da minha frente. Eu estava com os fones de ouvido, então não escutei o que eles falavam (viu como não sou tão metida? :P ) mas de repente, ele pega o celular e bate uma foto dela.
A menininha deu um sorriso e ele bateu a foto. (Ela é um criança linda! Cabelo cacheadinho, olhos azuis, um amor!) Depois de batida a foto, ele começou a fazer umas modificações na foto: primeiro ele deformou a cara dela como aqueles espelhos estranhos, que te fazem gordo ou magro demais; depois, ele decidiu não deformar a foto e colocou uma moldura na foto, com uns desenhos nos cantos. Ele escolheu a moldura rosa. Depois, ele abriu uma caixa de texto, e escreveu ‘eu bem’. Aí, ele perguntou algo a menina, que respondeu e continuou olhando a janela. Ele então, para minha surpresa, apagou o ‘bem’ e escreveu ‘beijo’. E ficou assim, ‘eu beijo’. Ele apertou o ok, e colocou a frase no cantinho da foto, como se isso fosse dito pela menina. Não entendi se era um elogio ou o quê, mas a menininha adorou. Achei tãããão fofinho aquele elogio torto do menino para a menininha!
Depois de o menino bater a foto, era a vez dela, claro. Ela pegou o celular (me deixando mais em dúvida ainda de quem era o dono do aparelho) e bateu uma foto do menino (que também era muito, muito lindinho. Loirinho do olho azul, bem ‘criança de filme americano’.) Igual o menino, ela escolheu uma moldura para a foto (quando eu era pequena eu achava moldura uma coisa fantástica!! Foto de celular sem moldura NÃO EXISTIA!), uma moldura verde. Aí, ela acrescentou um coração no canto esquerdo da foto. (Ooowwn!) E escreveu na parte superior da sua ‘obra prima’, em letras azuis: “Eu sou bonito.” Simples assim. Ela colocou ‘eu sou bonito’, como se o menino tivesse escrevendo sobre ele mesmo. Ela mostrou a foto para ele e ele sorriu para ela. E foi isso. Na maior inocência, eles continuaram apontando para a janela e falando da novela ‘Carrossel’ (eu escutei naquele momento que uma música acaba e começa outra.)

Eu achei tãããão bonitinho essa demonstração de carinho dos dois. Duas crianças, com sei lá, 9 anos cada um, falando e escrevendo o que querem. Se eles fossem mais velhos, aquele ‘eu sou bonito’ que a menina escreveu seria motivo de piada. E eu pergunto por que? Por quê que quando a gente cresce, fazer um elogio pra alguém é tão difícil? Nós temos que ficar nos cuidando, pensando três vezes antes de falar algo bonito pra alguém, porque sempre vai ter alguém que vai ficar incomodando você.
A gente não pode falar um ‘nossa, você está muito bonito(a) hoje’ sem um babaca gritar um ‘HMMMMMMM’ do teu lado, te fazendo pensar em assassinar alguém!

O quê eu queria era poder ser igual a menina. Falar o que eu quero pra quem eu gosto. Quando me der vontade!

Por que a gente não aprende com eles? :/


15:14

Um comentário:

  1. Adoro essas situações cotidianas que muitas vezes passam despercebidas.
    Durante uma viagem também tinha duas crianças nos bancos da frente, só que elas cantavam: 'sorria, meu bem, sooorria!' e 'kuduro'. Acho que um pouco muito é influência dos pais, e mais ainda, da televisão.

    ResponderExcluir