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sábado, 30 de julho de 2016

Primeira vez

Foi dia 18 de fevereiro de 2016.

Dia quente, verão... Eu estava voltando do centro e repentinamente, ao desembarcar do ônibus, decidi que era o dia.

Era agora ou nunca.

Eu já sentia vontade de fazer há muito tempo. Queria ter feito antes, bem mais nova... não precisava ter esperado até os 20 anos né... conheço muuuita gente que com 16 já tinha feito... mas pra mim faltava coragem... faltava lugar... faltava momento certo... faltava não ter medo. Mas pensei comigo: "Eu já tenho 20 anos, vou me formar em poucos dias, sou grandinha, sou saudável... vamos tomar vergonha nessa cara que tá mais do que na hora, né?".

Eu tinha medo? Se tinha! Sempre tive... dizem que dói né... Mas eu conheço quem já fez e não sentiu nada... Então pensei "é agora!"

Fiz.

Tive minha primeira vez.

A experiência foi tão renovadora que tive vontade de parar e escrever sobre esse momento já lá em fevereiro, mas acontece que eu fiquei adiando, a vida foi seguindo, veio formatura, veio mestrado, e o fato é que eu já fiz de novo e só agora que resolvi expor! E vou te dizer... a segunda vez foi melhor ainda. Eu me senti bem melhor que da primeira vez, e acho que na terceira vai ser ainda mais fácil.

Doeu? Um pouco...

Tive medo? Já disse, sim... mas só da primeira vez... agora já é tranquilo.

Fiquei incomodada com o sangue? É, de leve... Mas nada muito alarmante. Foi só virar a cabeça pro outro lado, respirar fundo e sucesso! o/

Ter conseguido doar sangue foi uma vitória pra mim. De verdade.

Cresci apavorada com agulhas. Mas assim, A-PA-VO-RA-DA! Fazer exame de sangue sempre foi uma tortura sem fim (e não era porque tinha que ficar terríveis 12h sem comer!!). Diz minha mãe que quando criança eu tive que tirar sangue e a enfermeira que o fez não achava minha veia. A mulher decidiu esperar eu me acalmar e tentar de novo? Nãããão! Ela ficou lá me fazendo de almofada de costureira e acabou me furando incontáveis vezes até conseguir... (Moças e moços queridos que tiram sangue de crianças e/ou adultos no geral, pelamordedeus não imitem essa mulher!! Obrigada.) Traumatizei, assim, de leve. Demorou um pouco até conseguir fazer exame de sangue sozinha, porque antes eu precisava da minha mãe perto... Minha irmã mais nova se oferecia para tirar sangue no meu lugar e eu lá, quase tendo um treco por alguns mililitros de sangue retirados (sempre com agulha fininha especial pra crianças pra você ter uma noção do nível de pânico que me atingia...)

Mas tá, agora pensa comigo: uma pessoa que precisava de agulha de criança pra sentir menos dor, a mãe do lado pra dizer que tá tudo bem, uma maca reservada para eu deitar depois, e que nem podia ouvir FALAR em veias e agulhas e sangues e exames... como que essa pessoa ia doar sangue? Como essa pessoa ia ficar deitada, abrindo e fechando o punho em ritmo constante por uns 15 minutos com uma agulha no braço, sentindo quase meio litro de sangue sendo retirado de ti?

De verdade, eu não sei como essa pessoa, no caso eu, conseguiu isso. Eu tinha medo, muito medo... Eu pedia pros meus amigos irem comigo quando eles fossem, pra eu ter coragem de ir, porque sozinha eu dizia que jamais ia conseguir.

Mas lá em fevereiro a coragem veio... O medo não foi totalmente embora não... quando entrei no banco de sangue eu só faltava me esconder no banheiro! Mas mesmo com medo e suando frio em pleno verão, a vontade de ajudar foi tão forte que eu não demorei muito pra decidir não... Dia 17 no final da tarde eu senti esse "arroubo de solidariedade", dia 18 de manhã eu estava lá, avisando o enfermeiro que sim, eu poderia desmaiar. Sim, eu tinha medo de agulhas, mas sim... sim eu queria doar sangue. E eu consegui. E eu nunca me senti tão feliz na vida. Porque foi algo que eu, somente eu, fiz por mim mesma. Uma das conquistas pessoais que mais me orgulho! E eu decidi que precisava relatar essa experiência porque, se foi vendo meus amigos doando sangue que fez crescer essa vontade de ajudar dentro de mim, talvez ler esse texto seja o empurrãozinho que faltava para você, medroso como eu, conseguir fazer o mesmo.

Então você, que tem medo também, arruma coragem e vai. Se a medrosa aqui conseguiu, você também consegue. Acredite. São poucos minutos que fazem muita diferença na vida de quem precisa. E a recompensa é fantástica. Vale a pena.

E que venham as próximas vezes! 

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