Foi dia 18 de fevereiro de 2016.
Dia quente, verão... Eu estava voltando do centro e repentinamente,
ao desembarcar do ônibus, decidi que era o dia.
Era agora ou nunca.
Eu já sentia vontade de fazer há muito tempo. Queria ter
feito antes, bem mais nova... não precisava ter esperado até os 20 anos né...
conheço muuuita gente que com 16 já tinha feito... mas pra mim faltava
coragem... faltava lugar... faltava momento certo... faltava não ter medo. Mas
pensei comigo: "Eu já tenho 20 anos, vou me formar em poucos dias, sou
grandinha, sou saudável... vamos tomar vergonha nessa cara que tá mais do que na
hora, né?".
Eu tinha medo? Se tinha! Sempre tive... dizem que dói né...
Mas eu conheço quem já fez e não sentiu nada... Então pensei "é
agora!"
Fiz.
Tive minha primeira vez.
A experiência foi tão renovadora que tive vontade de parar e
escrever sobre esse momento já lá em fevereiro, mas acontece que eu fiquei adiando,
a vida foi seguindo, veio formatura, veio mestrado, e o fato é que eu já fiz de
novo e só agora que resolvi expor! E vou te dizer... a segunda vez foi melhor
ainda. Eu me senti bem melhor que da primeira vez, e acho que na terceira vai
ser ainda mais fácil.
Doeu? Um pouco...
Tive medo? Já disse, sim... mas só da primeira vez... agora
já é tranquilo.
Fiquei incomodada com o sangue? É, de leve... Mas nada muito
alarmante. Foi só virar a cabeça pro outro lado, respirar fundo e sucesso! o/
Ter conseguido doar sangue foi uma vitória pra mim. De
verdade.
Cresci apavorada com agulhas. Mas assim, A-PA-VO-RA-DA! Fazer
exame de sangue sempre foi uma tortura sem fim (e não era porque tinha que
ficar terríveis 12h sem comer!!). Diz minha mãe que quando criança eu tive que
tirar sangue e a enfermeira que o fez não achava minha veia. A mulher decidiu
esperar eu me acalmar e tentar de novo? Nãããão! Ela ficou lá me fazendo de
almofada de costureira e acabou me furando incontáveis vezes até conseguir... (Moças
e moços queridos que tiram sangue de crianças e/ou adultos no geral,
pelamordedeus não imitem essa mulher!! Obrigada.) Traumatizei, assim, de leve. Demorou
um pouco até conseguir fazer exame de sangue sozinha, porque antes eu precisava
da minha mãe perto... Minha irmã mais nova se oferecia para tirar sangue no meu
lugar e eu lá, quase tendo um treco por alguns mililitros de sangue retirados
(sempre com agulha fininha especial pra crianças pra você ter uma noção do nível
de pânico que me atingia...)
Mas tá, agora pensa comigo: uma pessoa que precisava de
agulha de criança pra sentir menos dor, a mãe do lado pra dizer que tá tudo bem,
uma maca reservada para eu deitar depois, e que nem podia ouvir FALAR em veias
e agulhas e sangues e exames... como que essa pessoa ia doar sangue? Como essa
pessoa ia ficar deitada, abrindo e fechando o punho em ritmo constante por uns
15 minutos com uma agulha no braço, sentindo quase meio litro de sangue sendo
retirado de ti?
De verdade, eu não sei como essa pessoa, no caso eu,
conseguiu isso. Eu tinha medo, muito medo... Eu pedia pros meus amigos irem
comigo quando eles fossem, pra eu ter coragem de ir, porque sozinha eu dizia
que jamais ia conseguir.
Mas lá em fevereiro a coragem veio... O medo não foi
totalmente embora não... quando entrei no banco de sangue eu só faltava me
esconder no banheiro! Mas mesmo com medo e suando frio em pleno verão, a
vontade de ajudar foi tão forte que eu não demorei muito pra decidir não... Dia
17 no final da tarde eu senti esse "arroubo de solidariedade", dia 18
de manhã eu estava lá, avisando o enfermeiro que sim, eu poderia desmaiar. Sim,
eu tinha medo de agulhas, mas sim... sim eu queria doar sangue. E eu consegui.
E eu nunca me senti tão feliz na vida. Porque foi algo que eu, somente eu, fiz
por mim mesma. Uma das conquistas pessoais que mais me orgulho! E eu decidi que
precisava relatar essa experiência porque, se foi vendo meus amigos doando
sangue que fez crescer essa vontade de ajudar dentro de mim, talvez ler esse
texto seja o empurrãozinho que faltava para você, medroso como eu, conseguir
fazer o mesmo.
Então você, que tem medo também, arruma coragem e vai. Se a
medrosa aqui conseguiu, você também consegue. Acredite. São poucos minutos que
fazem muita diferença na vida de quem precisa. E a recompensa é fantástica. Vale
a pena.
E que venham as próximas vezes!
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