Segundo dia do mês de março.
Povo recebendo e tendo que pagar contas e os bancos estão
lotados de gente.
A agência tinha mais ou menos 30 pessoas na fila para usar
os 12 caixas de autoatendimento, e apenas 2 funcionários para auxiliar.
O primeiro caixa, mais próximo a porta, e mais longe da
visão do primeiro da fila, fica vago.
Ninguém se mexe para utilizá-lo.
Chamo a atenção do funcionário mais próximo e pergunto se
aquele caixa funciona. Ele responde que sim, percebe que está vago, e chama o
primeiro da fila para usá-lo.
Até aí tudo bem.
Homem moreno, camiseta azul e óculos escuros na cabeça, na
faixa dos 35-40 anos dá uma risadinha nas minhas costas, inclina-se na minha
direção e profere a seguinte sentença:
"Não tem que avisar isso não moça. Quando libera e
ninguém vê tem que ir usar e deu."
Eu me viro na direção dele, bem lentamente devido a
incredulidade, e digo, realmente rindo de espanto pelo que ele disse e digo
"Não... não tem." (Quem conhece minhas caretas de expressão entende
como minha cara estava nesse momento...)
O homem então continua:
"Tem que usar
sim, não dá de ser ético 24 horas por dia... (ele fala isso rindo, mas não como
se brincasse, e sim como se não fizesse ideia de porque eu não estava fazendo
exatamente isso!)." E ele ainda completa, "Ainda mais no Brasil... O
próximo que 'mosquear' eu vou ir, não quero nem saber."
Não vou falar aqui sobre o quão triste eu fiquei de ter
estado naquele momento, vendo a prova viva do porquê que falam tão mal do
jeitinho brasileiro de lidar com as coisas. Eu só queria realmente ter certeza
de que eu sou a pessoa com a atitude correta nessa história. Porque aquele
homem é a porcentagem da população que vai taxar pessoas como eu de ingênuas e
idiotas, além de outros afins, mas eu tenho que saber que o errado ali era ele.
Porque se eu for realmente a idiota da história, eu vou ter
perdido mais um pouquinho da fé no ser humano.
Se ele for o correto, por favor, que eu continue errada.
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