Situação 1: início da manhã, semana passada, proximidades da
UFSC.
Cara bem vestido, saindo de um carro conhecidamente caro. Baseada
em malditos estereótipos, deduzo que o ser humano em questão é um ser rico e
bem educado, que faz as coisas de modo "correto". Entretanto, a ação seguinte
do cidadão é arremessar um copo plástico, do qual ele bebia café, no chão, na
valeta lateral a rua, mesmo estando a 3 passos da lixeira.
Resultado: indignação e decepção.
Situação 2: fim de tarde, algumas semanas atrás, UFSC.
Uma garota com cara de poucos amigos, que eu já avistei
algumas vezes pela universidade, passa a conviver comigo e participar de uma
das minhas atividades extracurriculares (que sim, são muitas, mas esse não é o
tópico.). Das muitas vezes que cruzei com essa menina na UFSC, baseada em
malditos estereótipos, deduzi que ela era uma "chata metida a besta".
Entretanto, passado alguns dias de convivência, descubro que a menina é um amor
de pessoa, nada chata, nem metida a besta.
Resultado: alegria e sensação de culpa pelo pré julgamento.
Essas duas situações me fizeram pensar sobre os estereótipos
que nos cercam, claro, que são 90% das vezes um péssimo julgamento. Mas o que
me deixou mais filosófica, digamos assim, foi como lidamos com as respostas as
nossas expectativas. Tá cheio de piadas por aí baseadas em "expectativa x
realidade" e a gente dá risada, e só dá risada porque entende o que aquilo
quer dizer.
Nas duas situações, eu acabei com dois tipos diferentes de
reação: na primeira eu fiquei extremamente frustrada, porque pensei algo da
pessoa e ela me decepcionou. (Parênteses explicativo: beleza que o cara podia
estar com pressa e tal, e há quem justifique tal ato de ser porco por aí, mas
eu simplesmente abomino esse tipo de atitude, então no meu ponto de vista, ele
foi um babaca, apenas). Na segunda situação, a realidade foi boa, porque
descobri que uma pessoa que era pra ser desagradável, acabou por se mostrar muito
legal, com a qual eu gosto de conviver atualmente.
Apesar de eu ter me decepcionado com uma, e ficado feliz com
outra, o que ambas situações têm em comum é: decepção.
Pensei algo bom
de alguém, era ruim: quebrei a cara.
Pensei algo ruim de alguém, era bom:
quebrei a cara.
Como lidar com a decepção, com esse sentimento de
"quebrar a cara"?
Como aprender a viver sabendo que você vai se decepcionar
muitas e muitas vezes ainda?
A vida vai ser cheia desse momentos que tu está todo
convencido que está tudo certo, que nada vai dar errado, que ninguém vai te
chatear, e "bum", decepção. Esperamos que sempre possa ser do jeito
da situação 2, em que no final, a decepção valeu a pena, foi boa. Mas nem sempre é
assim.
Minha amiga me mostrou uma frase esses dias que reflete bem
isso. Era algo como "não se pode forçar ninguém a estar por perto, tem que
ser natural. Se não é para estar próximo por vontade própria, que nem
fique". Quantas e quantas vezes você colocou sua "expectativa"
em alguém próximo, algum amigo, algum namorado ou namorada, num parente, e essa
pessoa acabou não correspondendo a sua "realidade" pré imaginada? Quanta
raiva já passou por alguma situação que não esperava? Quantas lágrimas já não
correram pelo rosto porque acreditou que alguém fosse ser especial pra você, e
depois a pessoa se afastou, sem nenhuma explicação prévia? Quantas
"viajadas" durante o dia, ficando triste por aí, pensando coisas como
"não acredito que essa pessoa fez isso comigo"?
Eu já perdi as contas. Sou a rainha da expectativa
frustrada. Guardo 10 reais sonhando com a casa própria. Aí, no final, acabo sem
casa própria e sem os 10 reais. Ainda não aprendi como não criar expectativas,
e acho que nunca vou aprender, assim, 100%. Mas digamos que já estou "calejada"
o suficiente para, quando acontecer, eu parar e pensar no porque daquilo ter
acontecido, aprender uma coisinha ou outra, e "ah, dane-se, bola pra
frente".
Claro que não é fácil, afinal não nascemos sabendo como
lidar com a decepção. E não tem fórmula mágica. É uma daquelas coisas que a
gente tem que viver pra ir pegando o jeito. Mas alguns de nós sofrem, e as
vezes mais do que deveriam. Alguns aos poucos vão aprendendo a lidar. Alguns levam
mais tempo... mas no final, todos devem buscar aprender melhor como lidar com
decepção. Ou antes disso, aprender a não criar tantas expectativas sobre coisas
ou pessoas. É como se fosse assim: antes de torcer pro colete a prova de balas
funcionar, melhor não dar munição ou ser alvo fácil pro atirador.
E 'bora tentar ser feliz.
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